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segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Bom artigo: "Quando as empresas "pay-to-surf" deixam de pagar"

Há uma semana, encontrei um artigo português muito informativo sobre empresas do modelo "ganhar por surfar" como o AGLOCO. Foi publicado em 2001, porém tem muita informação acerca desta indústria, pois 1999-2001 foram os anos mais explosivos com respeito aos esquemas assim. Republico-o aqui para você ler e aprender.

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Quando as empresas "pay-to-surf" deixam de pagar
Escrito pela Patrícia Calé; Publicado no dossier TeK do sapo.pt no ano 2001


Depois de muitas mudanças, alterações ao modelo de negócios inicial e despedimentos, a empresa AllAdvantage, conhecida por pagar para os seus membros navegarem, e que chegou a disponibilizar o seu serviço em Portugal, fechou. Um encerramento depois de muitos outros nos Estados Unidos que nos pode remeter, igualmente, para o mercado nacional: durante o ano passado e à semelhança do resto do mundo, também algumas empresas portuguesas quiseram "partilhar lucros" com os seus utilizadores.

No Dossier do TeK, Ganhar dinheiro na Internet, feito no mês de Abril de 2000, os projectos eram muitos e o mercado parecia ser suficiente para todos. Mas depois algo cotrreu mal. E assistimos a um pouco de tudo: projectos que ainda não passaram disso com reformulações de modelos de negócio que não chegaram a ser testados, serviços idênticos que entretanto já fecharam e outras variantes do modelo que continuam em funcionamento.

A mais conhecida das empresas que se propunha "pagar para navegar", a AllAdvantage encerrou recentemente os seus serviços, juntando-se à já extensa lista de negócios "dotcom" falidos. Acedendo ao site pode ler-se uma mensagem onde a empresa afirma e explica porque cessou o seu "serviço de infomediação" - como gostava de lhe chamar - através do qual "remunerava" os internautas para verem publicidade através de um banner colocado no ecrã do seu computador, à medida que navegavam na Net.

"Lamentamos ter de informar que as grandes mudanças do mercado ocorridas durante o ano passado exigem que encerremos a barra de navegação da AllAdvantage [a janela que mostrava os banners publicitários enquanto os utilizadores navegavam], o modelo "pay to surf", concursos e outros programas de incentivo", informa a AllAdvantage em jeito de despedida. "A publicidade e os mercados de capital mudaram tão profundamente que é impossível continuar os nossos programas infomediários de incentivos e benefícios, incluindo a manutenção da Viewbar AllAdvantage".

No site pode ainda ler-se que a empresa não tenciona vender, comercializar de qualquer outra forma, ceder ou revelar a informação pessoal reunida na sua base de dados a terceiros. A AllAdvantage assegura ainda aos vencedores dos concursos promovidos por si e aos membros que tenham atingido o valor limite mínimo de pagamento que estes não serão esquecidos e que os valores serão efectivamente pagos.

Ao que tudo indica, os responsáveis pelas AllAdvantage ainda não prestaram declarações à imprensa depois de terem colocado a mensagem de despedida online, o que está a dar origem a algumas especulações. Para além da informação acima mencionada, o site já não permite qualquer tipo de pesquisa ou contacto com a empresa.

O sucesso inicial do modelo "surf-to-cash"

Em 1999, ano em que foi constituída, a AllAdvantage assumia-se como um "infomediário", ou seja um intermediário de informação que constrói e gere bases de dados de clientes, onde estão mencionadas todos as informações comportamentais e gostos pessoais dos inscritos.

A empresa comprometia-se a pagar em dinheiro aos internautas que vissem os banners publicitários incluídos numa barra de navegação fornecida por si. Por cada hora de navegação activa, o utilizador tinha direito a um determinado valor em dinheiro, que depois era enviado para a sua residência, por cheque.

Os interessados tinham de se inscrever e fornecer os seus dados, nomeadamente relativos aos seus hábitos de compra online, informação essa posteriormente vendida aos seus clientes anunciantes, tornando possível a aproximação a públicos alvo segmentados a quem os produtos pudessem interessar mais.

Para além disso, os membros AllAdvantage podiam ainda ser pagos por referência, ou seja, receber pagamentos adicionais pelas pessoas a quem aconselhassem o serviço, sendo possível organizar os chamados "esquemas em pirâmide", com diversos níveis.

O sucesso inicial do modelo de negócio da AllAdvantage levou ao surgimento de vários sites de modelo semelhante, com algumas alterações de forma e preço, e à utilização de outros meios relacionados com a Internet, para além do browser, nomeadamente o email.

Substituir o "sucesso" pela "falência"

Em Junho passado e após dezasseis meses de ter iniciado o seu negócio a AllAdvantage contava com 8 milhões de membros inscritos. E foi nessa altura que as dificuldades financeiras da empresa se começaram a fazer notar uma vez que o dinheiro para pagar tanta informação começava a faltar.

De Dezembro de 1999 a Março de 2000, a AllAdvantage já tinha pago aos seus membros cerca de 33 milhões de dólares, reunindo pouco mais do que 9 milhões de receitas entre os seus anunciantes.

Ainda sem eliminar o conceito "navegar para ganhar", a AllAdvantage reduziu em Junho os montantes que pagava aos seus membros por cada hora de navegação, estabelecendo um limite máximo para o total de pagamentos. Baixar as taxas implicou a desistência de alguns membros que não apreciaram a redução do valor do pagamento.

Em Julho, a empresa anunciava o despedimento de 10 por cento dos seus 600 funcionários, numa altura em que já tinha alargado o serviço a muitos países da Europa, Portugal incluído.

No mês seguinte a pioneira do conceito "pay to surf" informou por email os seus membros registados de algumas alteração ao seu modelo de negócio inicial que agora passava a promover concursos internos. Os membros passariam automaticamente para a nova modalidade, que compreendia a competição por um prémio diário único de 50 mil dólares. Se por acaso quisessem continuar a ser pagos por navegarem teriam que se dirigir ao site a assinalar essa opção.

A empresa foi muitas vezes acusada pelos seus membros de pagar com atraso. Muitos deles queixavam-se que a AllAdvantage invalidava constantemente contas de utilizadores legítimos alegando fraude só para evitar pagar. Acusações que a empresa negou sempre.

No fim de 2000, mais precisamente em Novembro, a empresa despediu 35 por cento dos 230 funcionários que lhe restavam, ou seja, 150 pessoas - afirmando a sua vontade em começar um novo tipo de negócio, desta vez mais direccionado para a área B2B.

De acordo com a consultora Nielsen/NetRatings o número de visitantes ao site da AllAdvantage decaiu significativamente nos últimos meses de 2000. Enquanto em Junho tinha 2 milhões de visitantes, em Dezembro os acessos diminuíram em 266 por cento, para os 547 mil visitantes mensais.

O novo ano parece não ter trazido melhorias, e Fevereiro acabou por ser um mês fatal para a pioneira AllAdvantage.

Traduzindo o "surf-to-cash" para "navegar acumulando$$"

Também houve uma altura em que as empresas portuguesas quiseram partilhar lucros com os seus utilizadores e durante o ano passado foram várias as que mostraram intenção de importar o modelo para o mercado nacional - com algumas a ficarem-se mesmo pela intenção...

A CentralCash apresentava-se o ano passado, por esta altura, como uma primeira adaptação do conceito internacional "Surf to Cash" no mercado português. O serviço tinha início marcado para Março de 2000, mas nunca chegou a entrar em funcionamento. "Embora disponibilizássemos um serviço que permitia que os anunciantes, dirigissem os seus anúncios para grandes comunidades de aderentes ou simplesmente nichos, dinamicamente monitorizados, chegámos à conclusão que em Portugal o investimento publicitário é muito baixo e a sua maior parte ainda é direccionada para outros suportes que não a Internet", explicou Paulo Ramos Quintão, director geral adjunto do CentralCash, ao TeK.

Quanto ao futuro do serviço, Paulo Quintão promete novidades para breve, afirmando que "o modelo de negócio está a ser repensado". "Teremos um novo projecto para mostrar dentro de aproximadamente dois meses, em que o modelo "surf-to-cash" continuará a ser contemplado, mas dentro de vertentes diferentes".

Paulo Quintão assegura ainda que o CentralCash deixará de ser "site" e passará a "portal" e que lançará mais barras de navegação temáticas, para comunidades bem identificadas. "Barras facilitadoras de navegação e não angariadoras de dinheiro", esclarece.

Durante o início do ano passado ouviu-se, igualmente, falar da NaviCash, um projecto criado em Portugal por americanos, que também se propunha a pagar aos internautas pelo tempo que passavam online. O serviço chegou a entrar em funcionamento, mas já não existe.

O site que permitia o acesso às contas NaviCash disponibiliza agora uma mensagem (estranha) de despedida em que a empresa promete regressar "refrescada e com novas ideias". A partir do site é impossível obter qualquer outro tipo de informação, nomeadamente, contactar os seus responsáveis.

Ficam, assim, por apurar as razões que levaram ao seu encerramento. Fica também por saber se os senhores do NaviCash chegaram a pagar a algum dos seus membros...

Em actividade continuam o Clube i e o Comsualicença que iniciaram os seus serviços de envio de publicidade autorizada por email durante o ano passado.

Embora afirme que as coisas não estão a correr mal, Marco Espinheira, um dos responsáveis pelo Clube i, avisa que o serviço vai suspender a sua actividade por algum tempo para ser "reestruturado".

Nos seus sete meses de existência o Clube i conseguiu reunir cerca de oito mil membros, com contas activas. "O serviço é capaz de ter menos membros do que estávamos à espera de atingir inicialmente, mas não é grave porque também não foi feito nenhum esforço financeiro de promoção", garante o responsável. "O Clube i era essencialmente a montra da empresa. As outras coisas vieram por excesso".

A reestruturação do Clube i vai passar, de acordo com Marco Espinheira, por uma maior exploração do serviço que passará a ser comercializado autonomamente. "Não tem havido muitas oportunidades para os nossos membros acumularem pontos e o serviço também vai ter de ser repensado nesse sentido".

Marco Espinheira afirma ainda que é difícil manter um modelo de negócio online que não tenha valor acrescentado para os seus utilizadores. "O Clube i não quer ser apenas um clube de recompensas", explica, "toda a informação que possamos dar aos nossos utilizadores sobre assuntos que lhes interessem é valor acrescentado".

Baseado também no envio de publicidade autorizada por email, o Comsualicença existe em Portugal desde Abril do ano passado e conta actualmente com 25 mil membros.

Durante estes 11 meses de existência a Comsualicença fez cerca de 100 envios de mensagens publicitárias por email para os seus membros e de segundo Paulo Almeida, director geral do Comsualicença, o serviço já pagou a 295 utilizadores até à altura, sempre valores acima dos cinco mil escudos - valor mínimo de remuneração no Comsualicença.

Os responsáveis pelo serviço também prometem novidades para breve. "Vamos lançar outras formas de retribuição para publicidade por email", garante Paulo Almeida, "sempre mediante autorização do receptor, claro".

Falta agora saber se estas reestruturações vão ter mais sucesso do que os projectos apresentados no ano passado.

Patrícia Calé

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Então, porque não ser membro de uma empresa assim? Dos sites mencionados acima, só o Comsualicença ainda está vivo, e tem algumas limitações que o AGLOCO não tem: tem-se que ler emails e só tem patrocínio de companhias portuguesas e espanholas, por exemplo. Com o AGLOCO é possível indicar quem quer que conheça, onde quer que more, pois embora o site está em inglês as companhias multinacionais vão também procurar o mercado internacional por anunciar na língua das páginas que cada usuário vir. O AGLOCO procura ser uma empresa verdadeiramente global; junte-se agora.

Um comentário:

Michael H. Lewis disse...

Não sou um João-apaga-tudo; só que não gosto da gente comentar sem que tenha a ver com o artigo. Esses dois comentários que apaguei foram escritos em inglês e tinham absolutamente nada a ver com o conteúdo do artigo. Foram escritos só para criar uma ligação ao site deles. Não aceitarei comentários assim.

Se você escrever algo relacionado com o artigo que tiver uma ligação ao site seu, não haverá nenhum problema. Sentam-se livre para dizer-me algo!